A
arte não é espelho
É
ferramenta para mudar
O
mundo
Disse
um poeta
Mais
alto
Alguns
centímetros
Mais
triste
Eu
Demorei
mas
Aprendi
a dificuldade
De
pensar
De
ser uma árvore
De
ser Artaud e uma árvore
De
ser uma árvore cega a esticar os dedos
O
encontro de vida ao virar o rosto e já ser
O
encontro de morte
Com
o sol
Mas
ainda é mais difícil
Ainda,
sim, ainda
É
mais difícil amar
É
preciso criar o tempo
A
tempo
De
desencontrá-lo
Outro
tempo
Desfeito
Superado
Inexistente
A
criação da invenção da inversão do tempo
Absolutamente
atemporal
Absolutamente
existente
Quando
pudermos
Tocar
A
ideia sem pensamento
O
sentir e o devir
No
gesto pleno de afeto
Um
tempo no pensamento e então
O
início de uma apoteose sem platéia
O
ensaio de um dedo
A
grande travessia de uma lágrima pelo deserto
Teu
rosto sempre foi uma miragem
O
mergulho na escuridão do olho esquerdo
Que
só
Fecha
Nos
abraçamos na parada de ônibus
Enquanto
países entravam em guerra
Enquanto
políticos ganhavam em guerra
Enquanto
pessoas melhores do que nós
Escreviam
o seu nome na história
Com
prêmios
Louros
Glórias
E
outras perfumarias
Que
os cavalos passam e não reconhecem
Começamos
a pensar
Nossos
corpos se desmancham no interior do interior do mundo
Comprazidos
pelo escarro
Do
nosso amor proletário
Despertando
uma morna simpatia
De
um anjo antipático
Voamos
rápido
Alquebrados
Coloridos
Doloridos
Dentro
do nosso tempo
Dentro
do nosso pensamento
Abolidos
e imanentes
Refletimos
o amor através da curiosidade perversa
De
velarmos nossa mais profunda dor
No
último dia
Das
nossas vidas
Um
de nós
Estará
lá
Todos
os cavalos que eu criei
Abismam
Tiago André Vargas
12.02.2017