terça-feira, 16 de agosto de 2016

Meias noites que não se tocam jamais



Neurastênico eu seu único filho vingado no junco
Transcrevendo com langor a história dos maias
Movendo as páginas da enciclopédia do absurdo
Sua irmã sorrindo no banco de trás uma dor abstrata

Eu tiro uma cópia para você talvez ainda meu anjo
Meus tentáculos olhando para o chão a triste limpeza não reconhecem
O grampo caindo do cabelo de Hebe é sujo e levita no antro
As encostas rochosas do teu umbigo pesadelos amarelos estabelecem

Sempre
As forças angulosas dos teus dentes apontavam o fim do arrebol
Minha inocência invertia para dentro um farol
Impedindo o naufrágio do prazer na confusão induzida e ausente

Põem para fora a cheia noite eu quero pô-la na boca para despencá-la em curvas dores animais
Ainda é dia eu digo depois da meia noite a não noite ainda é dia eu digo e as estrelas não se tocam jamais

Tiago André Vargas

13/08/2016

Les Seins aux fleurs rouges - Paul Gauguin

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