domingo, 12 de abril de 2015

Transparente



Não tenho dono
Que me abane
Nesse adorno
Que me flane
)
Eu vou fingir
(
As cachoeiras sabem meu nome
Na sua língua vertical
Os bicos dos picos dos meus seios
Camuflam o pensamento, horizontal
(
Eu vou cair
)
É um plural
Esse coral que protege os teus olhos
Das luzes que irradiam o nosso dia
Coletiva escondida agonia natural
)
Eu vou distar
)
A janela reclama
O piano reclama
A cadeira aquiesce
E você me esquece
(
Eu vou sumir
(
A solidão é mais verde que a grama
Mais seca que a cinza
Mais física que o alento
É matéria prima mundana
Congênere do vento
Que faz questão de ser vista


12.04.2015

Tiag() André Vargas




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É inútil, como as melhores coisas.
Eu agradeço.

domingo, 5 de abril de 2015

Biscoito de terra



Pássaros
Não comem terra
Bois
Não comem terra
Tatus
Não comem terra
Minhocas
Não comem terra
Biscoitos
Não comem terra
O homem
Que come pássaros, bois, tatus, minhocas e biscoitos, prefere se alimentar de outros homens
Esses outros dessemelhantes tão iguais
Abocanhados
Caso abram a boca
Comem terra

Não mais homens
Apenas uma metonímia
Da terra vermelha impotente beijada pela erosão da fome


Tiago André Vargas

05.04.15


Criança haitiana mostra a língua após comer biscoito de barro.

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