sábado, 27 de abril de 2013

Morto por uma epístola ou ainda um sorriso






A beleza dela
Uma leveza brasileira
As cores da tragédia
Uma angustia opressiva grega
Um furo na parede
Uma conversa através dele
A distância vede
O que algum sonho talvez protele
Lhe conto algo pelo orifício do concreto
Não toco tua risada
Mas sinto teu afeto
Vontade surge inesperada
Quase escapa um beijar de cartas
Estamos cegos em campo verdes
Estamos pesarosos em emoção declarada
Sei que não mentes
Falta tudo
Falta pouco
Falta um estalar de lábios
Falta um abraço trincado
Falta teu perfume sobre a mesa
Teus olhos para saturar minha fome
Falta toda esta nobreza
Da falta da paixão pela falta que some
Não fustigo o que não há limite
Por isso um amor que me finde
Abra a minha carta
E sorria


Tiago André Vargas



Fotografia de be_punk.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nu não há eternidade






O cinzeiro virado
No ar a folha muda
Meu colo desvairado
Incutindo nuvens intrusas

O que eu ofereço?

O céu é puro rescaldo
Ao sul
Com ou sem paraíso
Concreto comprimido
Migro
Mínguo
Ponha um terno e fale do infinito

Homem qualquer em traje ataviado
Oferece febre terçã em troca do salário

Fácil

Como pequenos seres do mar escorrendo no findar da onda pela areia

Mostre-me um homem nu
Oferecendo suas pernas
Dentes
Seu ódio
Desespero
Seu amor mais nobre aflorado nas violetas úmidas da madrugada
Mostre-me um homem através dele
Sem simbologia
Representação
Hemorragia
Ou redenção

Mostre-me um homem

Sincero e só

Só existe beleza na realidade ou na fantasia despretensiosa de credulidade



Tiago André Vargas


Imagem de Luiz Felipe Tavares 

Featured Post

Refri de laranja para quem tem sede de sonhos e outras epifanias que cabem numa fritadeira

“Algumas pessoas só conseguem dormir com algum peso sobre o corpo, eu era assim”. Foi o que eu escutei enquanto adormecia na rodoviá...