São
infindos dedos
Abraçando
chaves gélidas
Guardando
Em
gavetas
Promessas
e gengivas
Remelas
e sonhos
O
que eu faria com o cabelo das mulheres que seguram estas chaves?
Elas
me colocaram em seus quartos
Mas
não me trancaram com seus olhos
Com
suas coxas disformes
Com
seus ventres mornos
Tampouco
com as chaves frias
E
agora eu estou muito longe
A
milhas do desenho que fiz para mim
Continentes
distante do meu sorriso displicente
Simplório
Um
traço em arco
Pela
arrogância de não saber como sorrir
Pela
simplicidade de não saber como desenhar
E
se por um momento eu pensar em todas as portas que eu atravessei sem olhar para
trás
Para
todos os rostos desfragmentados sem esperança
Para
todas lágrimas sinceras derramadas
Lágrimas
puras
Lágrimas
de dono em velório de cão
Eu
não queria nada
Por isso tudo ficou para trás
Por isso tudo ficou para trás
Nada
Talvez apenas uma chave mestra
Invadir
teu sono profano
Olhar
para as paredes mal pintadas do teu quarto triste
Fazer
um pedido enrustido em desejo
Arrumar
a coberta já arrumada no teu corpo
Passos
leves
Vagaroso
ao girar a chave
Preocupado
com o som do trinco
Preocupado
com o som do peito
Fora
do teu quarto
Caminhando
Correndo
Milhas
Um
continente
Dois
continentes
Longe
o suficiente para erguer a cabeça
Nem triste ou feliz
Eu sei
As chaves sempre ficaram nos meus bolsos
Eu sei
As chaves sempre ficaram nos meus bolsos
Apenas
meus palácios de vinte metros quadrados me deixaram
Todo
lugar
É
um lugar temporário
Tiago André Vargas
Fotografia de Zeynep Ozdemir.
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