sábado, 28 de maio de 2011

Chuva


Pescoço quebrado e os olhos para o céu
O cinza cobre o azul envolto como um véu
Os passos ficam rápidos de todo povaréu
E uma solitária gota de chuva molha meu chapéu

Corra! Se esconda! Ela pode te molhar!
Sim ela chegou e nem adianta esbravejar
O precavido um sorriso no rosto vai estampar
Depois de um mês, fez sentido o guarda-chuva carregar

Oh! que grande espetáculo é ver a humanidade
Diante de toda sua sabedoria e superioridade
Ver-se com um bando de animais a afugentar-se
Da simples água que cai com naturalidade

Queria eu ser um pingo de chuva a voar
E na nuvem gorda um cantinho espreitar
Olharia para baixo paciente a esperar
O melhor momento para do céu me jogar

Sendo gota, muitos lugares interessantes gostaria de visitar
Quem sabe escorregaria por um belo cacho de cabelo a balançar
Ou cairia no vidro por onde alguém solitário me olharia deslizar
Ou ainda na terra fértil, para dentro de uma flor eu me alojar

Inúmeras possibilidades de fato me vêm à mente
Mas nada faria esta poesia ser mais eloquente
Que me dispersar no lábio durante o beijo ardente
De dois apaixonados que se amam sob a chuva de presente





Autoria de Tiago André Vargas

Foto encontrada aqui

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